Eu não tenho o costume de escrever. Até gostava de rascunhar de quando em vez, mas outras prioridades foram deixando esse hábito de lado. Entretanto, hoje eu estou tão itensamente feliz que eu tinha que escrever!
Melhor: tentar expor os meus sentimentos, apresentar a
minha felicidade para alguém.
Se eu conseguisse retratar tudo o
que eu sinto nesse momento, seria, com certeza, uma bela prosa. Porque hoje eu estou desse jeito: com vontade de
esbanjar minha alegria. Feliz! Simples assim... Sem nenhum motivo aparente.
Estou saudosa também... Uma louca vontade de correr na areia, de senti-la
escorrer entre os vãos de meus dedos... Não
aquela areia comum de praia. Mas sim, a areia da estrada que passava em frente
à casa dos meus bisavós. Tinha a temperatura certa, tinha o amor dos olhares
deles... Tinha a voz da minha vozinha dizendo “meu amor, entre. Tá na hora do
banho”.
Vontade de tomar banho de chuva. De
sentir aquela água pura lavando meu corpo, de olhar para o céu e, na inocência dos
meus poucos anos, deixar a imaginação voar para descobrir de onde toda aquela
chuva vem. ...Imaginar como seria escorregar pelo arco-íris e no seu fim
descobrir o pote de ouro. Imaginar o porquê da chateação de São Pedro para
soltar tantos trovões...
Já teve aquela sensação que parece que o
coração vai explodir de tanta felicidade, de tantos sentimentos bons juntos? Vontade de falar mil coisas ao mesmo tempo e
que você tenta, tenta, mas na verdade sai apenas um sorriso? Um sorriso de
saudade. De felicidade... E você se acha como uma criança boba, sorrindo de coisas
bobas, lembrando de coisas bobas. E se
percebe com um sorriso sincero que vai de orelha a orelha... Aquele que só
criança saber sorrir (porque bom mesmo é ser criança).
Eu gosto de música. Gosto do som do
violino e do piano. Gosto também de outros instrumentos musicais, de vários
estilos... A música me deixa viajar! Permite-me a reflexão. Permite-me admirar
os detalhes da natureza enquanto viajo, por exemplo. Dia desses, à tardinha, eu
voltava de um campo de estágio para a faculdade e vi um belíssimo pôr-do-sol. Estava
cansada, exausta física e mentalmente depois de quase 8 horas de aulas teóricas
e práticas. E, sinceramente, aquela cena me revigorou. Continuava cansada,
claro. Mas renovou a minha paz de espírito. Não pude ver aquela perfeição
sozinha e compartilhei com os colegas que estavam ao meu lado. Quando pensei que ninguém fosse dar valor ao
que eu estava dizendo, fui surpreendida: todos pararam de conversar, e também,
admirados, olharam o pôr-do-sol. Por um tempo, vimos uma das perfeições de Deus
se expor alí... Diante de nós. É meio clichê, mas a verdade seja dita: foi
lindo!
Suspiro. Encho meus pulmões de ar e
solto lentamente... As palavras flutuam na minha mente. Estão desarranjadas.
Fico a olhar o cursor piscar várias e várias vezes, ansioso por mover-se e
continuar seu trabalho de letra a letra e dar forma a uma palavra, até
finalmente chegar a uma sentença que demonstre a minha real felicidade. Meus dedos tateiam
os botões do teclado na esperança de que meu pensamento organize-se. Como é
difícil! Escrever é uma arte. Nem todo mundo a detém. É por isso que admiro
quem escreve. Há quem escreva somente. De forma comum. Mas admiro mesmo quem
consegue transcrever seus sentimentos. Dar vida a uma folha branca. Pôr sua
paixão em cada palavra.
A minha intenção não era de escrever
bonito. Era somente a necessidade de me expressar. De gritar a minha felicidade
de alguma forma. Consegui... Um pouco!
Foi o suficiente para o meu sorriso
de criança aparecer. Radiante!
Meu coração agora está suave; o sono
chegou...